9.11.08

Tomando medidas e medindo tomadas

Era pra ser um post ilustrado, com inúmeras fotos dos procedimentos técnicos que vou descrever, mas infelizmente foi tudo feito subitamente sem muito planejamento. Só espero poder ilustrar satisfatoriamente a história com minhas humildes habilidades narrativas.

As tomadinhas de telefone do meu apartamento são um nojo. Ou eram, porque troquei o par de tomadas da sala, as únicas em uso por enquanto. Na parede há o normal em qualquer tomada: uma daquelas caixas de plástico com um cano por onde chegam o par de pares trançados cinzentos, as duas linhas telefônicas. Mas cada um desses pares trançados estava ligado a uma tomadinha horrível, e estas ligadas imediatamente a adaptadores de tomadas do padrão Telebrás para o formato "americano", o popular RJ-11 que é o mais fácil de se encontrar hoje em dia.

Essas duas quimeras conectivas encontravam-se largadas dentro da caixa de plástico na parede, sujas com manchinhas da tinta amarela que foi empregada na parede, demonstrando a falta de capricho dos pintores. Fechando a caixa, um espelho branco, relativamente bonitinho, mas preso com um único parafuso a um dos buracos de fixação da caixa.

Para tentar melhorar essa situação deprimente, primeiro comprei o material indispensável: novas tomadas. Comprei tomadas brancas daquelas que tem tanto os buracos do padrão brasileiro, quanto RJ-11, dispensando assim os conectores. Comprei também o suporte de metal para as tomadas, que é uma tira de metal dobrada apropriadamente furada.

Fui numa lojinha meia-boca, e eles me venderam duas tomadas diferentes. Pedi pra trocar depois, mas eles não tinham duas da que achei melhor, então ficou assim mesmo. É bom que posso comparar as duas tomadinhas aqui no blog! E ficou faltando ainda os parafusos pra prender tudo no lugar. Só achei os parafusos em outra lojinha, na Madá.

É possível encontrar pra vender o conjunto completo: as tomadinhas, suporte, parafusos e espelho. Seria o ideal. Mas com pouco dinheiro e com tempo de ir apenas nas lojas nas redondezas, teve que ser essa bagunça.

Enfim. Para instalar as tomadas a primeira coisa que vocês tem que saber é que os fios do telefone possuem polaridade. Apesar da gente costumar usar pares sem distinção de cor, existe uma polaridade. Você também precisa saber que o choque pode ser bem doloroso... Não toque no fio ou no metal das ferramentas enquanto estiver trabalhando. E reze pra não receber uma ligação durante o serviço, eu já vi gente tomando choque da tensão que surge ali quando toca a campainha, e parece que o negócio é bravo.

Para descobrir a polaridade, acho que é possível utilizar um multímetro, ou coisa que o valha, e aí basta procurar na Internet pra descobrir qual dos pinos é o positivo. Mas se você vai apenas trocar de tomada, você só precisa ver na hora que fio está onde, e ligar no mesmo terminal. Dica: ligue um fio primeiro, e o outro depois. Já aconteceu muito comigo de trocar um conector, e desligar todos fios do velho primeiro, e aí esquecer qual vai onde. Não sei se é seguro ligar os fios na polaridade invertida, portanto recomendo extrema precaução.

O primeiro conector que fui trocar desmanchou na minha mão quando fui tirar a capa. Que negócio mais velho e ruim... Liguei em um conector em que a parte "americana" é uma pecinha de plástico separada. A dificuldade nesses conectores é que tem que tomar cuidado pra não deixar solto o fiozinho que vai do parafuso, que fica na parte "Telebrás", até a parte "americana".

O segundo conector estava sem a capa de cima, era apenas a parte crucial da tomada, com um adaptador para RJ-11 tampando tudo. A pessoa que fez aquilo foi "esperta"... Foi esperta também prendendo as tomadas com fita crepe do lado de trás do espelho. Mas obviamente não é algo que dure muito: as fitas estavam caídas lá dentro, mumificadas, deixando apenas resquícios gosmentos de cola onde estavam antes.

Na outra tomada nova os terminais da parte americana são fios que fica "flutuando" quando você tira a tampa, e tem que vigiar pra colocá-los no lugar certo quando fecha o conector. Nessa tomada o parafuso era mais profissional: tinha uma chapinha pra colocar entre a cabeça do parafuso e os fios, garantindo uma melhor conexão e fixação.

Parafusei os suportes na caixa, e posicionei as tomadas (o correto seria ter ainda parafusado as tomadas no suporte, mas não tinha os parafusos para isso). Aí basta agora apenas parafusar o espelho nos buracos dos suportes, como tem que ser. Podem ocorrer alguns problemas de alinhamento nessa hora, e os parafusos podem inclinar durante a colocação, mas com jeitinho as coisas assentam no lugar, e fica tudo tran-chan.

Não se submeta à preguiça alheia! Não aceite menos do que uma tomada alinhada com a parede, e espelhos colocados sem deixar buracos. Cuide bem de suas tomadas, interruptores, torneiras e tudo mais, são a alma da sua casa!

3.11.08

Bancando bancos

Depois de dois meses procurando apartamento, achando, e lutando pra fechar o contrato, finalmente aluguei meu apartamento novo, duas semanas atrás. Não deu pra relatar muito do processo porque a raiva às vezes alimenta a inspiração do escritor, mas às vezes apenas desanima...

Mas agora já estou mais animado! Com raiva, sim, mas essa raiva combustível, que podemos tentar transformar em ação.

Hoje foi anunciada a fusão do Itaú com o Unibanco. Enquanto a crise que brotou no mercado imobiliário dos EUA faz com que bancos se fundam em enormes sofás estofados com dinheiro no mundo todo, e se comprem uns aos outros em contratos de 20 bilhões de reais, comprei hoje o primeiro móvel da casa. Um banco! Comprei um banco com 20 reais, seguindo a tendência. Um banquinho desses altos, de trabalhar em pranchetas e afins. Por enquanto é um quebra-galho, mas não é apenas uma compra "provisória" porque banquinhos assim são ótimos pra trabalhar com eletrônica. É equipamento obrigatório em bancadas de laboratórios nas escolas por aí, e algo de que eu genuinamente sentia falta na minha casa velha, onde era obrigado a usar a mesma cadeira estofada de metal, com encosto, que usava ainda pra comer e trabalhar no computador (é, tudo na mesma mesa também!!).

É um banquinho daqueles de quatro pernas meio bambos. Confesso um certo temor de utilizá-lo com meu peso extra-ordinário, (mesmo se eu estivesse no meu peso ideal). Espero que o móvel venha a se tornar digno de minha confiança com o tempo.

O objetivo do banquinho é me permitir trabalhar melhor em casa enquanto espero aqui por coisas como o montador do Magazine Luísa que vem montar a cama de casal que já foi entregue há uma semana, o entregador do colchão (que eu deveria ter comprado aqui perto de casa), e os sujeitos que virão aqui arrumar a torneira da cozinha e duas portas. Eu já tenho o essencial pra trabalhar aqui enquanto espero: Meu notebook (cuja mochilinha oficial está na costureira, então é até bom que eu não saia de casa com ele) e agora conexão com a Internet, via Speedy. A ausência se TV só contribui pro ambiente de trabalho.

Estou usando o notebook da forma que sempre se sugeriu que ele fosse utilizado nos tempos em que "TI" se chamava "Informática": em cima do colo, lap-top. Assim ele me oferece mais calor e diversão do que qualquer tradicional performadora de lap dance nos cabarés estadunidenses.

Só faz falta ainda um apoio pros pés. Não tenho um tijolo, um caixote que seja que me permita acomodar-me adequadamente! Minto, havia aqui no apartamento, quando chegamos, uma daquelas paradas que é um banquinho com uma escadinha dentro, que foi usado por algum pintor e largaram aqui em casa. Este objeto rejeitado pelos antigos inquilinos foi o objeto mais importante da casa por uns bons dias, até agora que comprei meu banquinho de luxo... Estou usando pra apoiar os pés agora, já que sentar nessa imundice requer muita auto-persuasão.

Antes estava usando o computador sentado no chão, em todas 5 formas que conheço de sentar-se no chão, tanto ocidentais e ameríndias quando asiáticas. Mas não sou capaz de me manter em tal posição pelo tempo necessário. Uma almofadinha, ou uma mesinha pra botar o notebook em cima, ajudariam muito. Talvez eu venha a intercalar o banquinho com o chão, visto que o primeiro é bom para as pernas mas ruim pras costas. Trabalhar na cama eu até consigo, mas com apenas um colchonete no chão fica um pouco ruim. (Eu não imaginava que fizesse qualquer diferença até tentar!)

Em tempo, e tornando o post mais útil: comprei o banquinho numa loja aqui na av. São João, perto de onde tenho a sorte de morar --- mentira, não é sorte, foi de propósito, mas falar em sorte deixa tudo mais excitante. Custou R$20. Um banquinho menor, de metal, estofadinho, sai 30. Não gostei porque não é bom pra trabalhar, e não dá pra usar de mesinha pra colocar vaso de planta em cima caso o banco se torne obsoleto como tal. E é barango, ao contrário do de madeira que é mais clássico do que vestidinho preto. Cadeira normal estofada sai uns 50, e cadeira de escritório, com rodinha, apoio de braço etc, sai lá uns 200 paus. Tinha pra vender também cadeira com mesinha na frente, dessas de escola. Achei que ia ser super prático e engraçado de comprar, sendo eu do meio acadêmico, mas vou dar o benefício da dúvida para a sociedade antes de comprar com o entusiasmo ingênuo que aquele fotógrafo maluco do Blow-up compra (rouba?) aquela hélice de madeira no filme.

Em breve devo postar um relatório completo sobre a próxima pequena melhoria a ser feita na casa: upgrade das tomadinhas de telefone da sala! Um abraço.

21.9.08

Dancing in the dark


- Estamos indo embora!
- Eu com vocês!
- Não, você tá aí curtindo, dançando, pode ficar, a gente se vira.
- Bicho, eu moro sozinho. Eu vou chegar em casa, botas essas mesmas músicas, e continuar dançando; só que eu vou dançar sem ninguém me esbarrando, sem fumaça de cigarro, e pelado.

Até o sol raiar.

14.8.08

Pipocas Grelhadas

30.7.08

Receitas Doidas: Sanduba de Pipino


No "Receitas Doidas" de hoje teremos uma velha especialidade da culinária franco-picareta: Le Sanduí de Cornichóns, mais conhecido no vulgo como Sanduba de Pipino.

Negossiguintch.

Ingredientes:
  • Pão preto em fatias. O melhor do Brasil é o Wickbold, mas pode arriscar outra marca se você for trouxa.
  • Cornichóns. Basicamente isso é só um pepininho em conserva. Ele é muito feio e esquisito, parece uma piroca de um alienígena muito feio. E ele vei boiando numa água salgada muito da suspeita, cheio de sementes flutuando. É uma das comidas mais feias que você já viu na sua vida. E é assombrosamente gostosa.
  • Queijo prato. Não me venha com mussarela, parmesão, ou outras picaretagens. Quando a vida pede um queijo prato, dê a ela um queijo prato. Nem mais, nem menos.
  • Maionese. Hellmann's, Gourmet, Mayonegg's, Minasa... por mim tanto faz. Eu gosto da Hellmann's.
  • Mostarda. Heinz, ou Hemmer. Porque meu estômago não é pinico.
  • Cebola. Cebola crua. Daquelas que arde. Que faz a gente chorar. Se você não gosta de chorar sem motivo, eu posso te contar a história da minha vida. Ou então pisar no seu pé.
OK, tudo preparado? Agora é simples. Primeiro você dá uma tostadinha de leve em um dos lados do pão. Isso vai ajudar o sanduíche a não esfarelar depois. Cubra um dos lados de cada fatia do pão preto com maionese e mostarda - uma camada bem fina de cada lado, para evitar desastres. Coloque um pouco de pepino cortado em fatias, e umas rodelas de cebola crua. Complete com o queijo prato. Eu costumo colocar uma camada bem grossa, de aproximadamente 5mm, para compensar o sabor forte dos outros ingredientes do sanduíche.

Recomendo acompanhar com um copão de leite bem gelado, ou então uma bela cerveja importada.

A vantagem dessa comida é que ela é boa, relativamente barata, super leve e saudável. É ótima para agitar festinhas no seu apartamento, ou para comer sozinho mesmo. Um dos maiores desafios do morador solitário é fazer comidas rápidas, baratas, e sofisticadas. Diga não ao Miojão!

24.7.08

Ode à Geladeira

Hoje minha geladeira chegou.

Parece que, de repente, minha casa virou um lar.

Fui até o supermercado e fiz um monte de compras para encher a geladeira com coisas.

Comecei, obviamente, com uma garrafa de vodka.

Também comprei forminhas de gelo, para fazer gelo, e colocar na vodka.

O limão eu também guardei na geladeira, para fazer caipivodka.

Outra coisa importante que eu comprei foram os sucos de fruta. Comprei 5 sabores diferentes. Para ver qual deles fica melhor com vodka.

Também é importante comer frutas "in natura". Comprei limão, maracujá, laranja e kiwi. Todos vão bem com vodka.

Também comprei ovos.

22.7.08

Limpando o banheiro

De todas as infelizes etapas de limpeza de uma casa, o banheiro é, sem sombra de dúvidas, a pior. É um lugar que acumula algumas das piores sujeiras, por ser o lugar onde você faz a maioria delas.

Pois no meu banheiro, o caso é um pouco mais grave. Como em boa parte dos apartamentos velhos do centro da cidade, o meu possui uma luxuosa banheira. Aquecida a gás nos tempos imemoriais quando foi construída - quando os Grandes Antigos dominavam o planeta e o Plano de Metas se alastrava Brasil afora - hoje ela só serve para ser um lugar desconfortável de tomar banho em cima.

Até então, nada demais. Desconforto é uma coisa comum. O problema ocorre quando se toma um bom banho e toda aquela sujeira sai. Ela acaba indo para outro lugar: a banheira. Por mais que a água escorra pelo ralo, o formato da banheira faz com quem muita água fique por ali secando. Água suja. Inevitavelmente a banheira acumula o que chamo, quase carinhosamente, de craca.

E não a subestime pelo nome. A craca é um inimigo poderoso, para o qual o simples Ajax de cada dia não é suficiente. Os desinfetantes normais não surtem efeito algum e mesmo a força bruta de uma bucha bem esfregada causa pouca mudança no cenário. Eis que surge um produto quase milagroso, o Easy-Off Bang.

Com um nome desses, um cheiro que te deixa meio tonto e a recomendação de usar luvas ao manejar o produto, a fórmula milagrosa age na craca como penicilina numa família de bactérias desavisada. A sujeira não tanto desce pelo ralo, ela foge.

Sério. Fiquei maravilhado e o banheiro ficou limpo em 15 minutos. Aconselho a todos vocês que queiram limpar as coisas sem ter que fazer força e também àqueles que curtem ficar doidões com cheiros fortes.

17.7.08

Alta Culinária para Solitários


Uma das principais vantagens de morar sozinho é que você pode comer o que quiser, a hora que quiser. A desvantagem é que é sempre você quem tem que fazer tudo sozinho, desde preparar a comida até lavar os pratos. Vejamos agora uma receita super fácil de preparar, no melhor estilo do morador solitário:
  1. Pegue uma peça de carne, batatas, cenoura, vagem, e cebola.
  2. Aqueça o grill elétrico que você comprou porque o fogão estava caro e você ainda ia ter que comprar panelas, bujão de gás, etc.
  3. Pique a carne em cubinhos de 2cm de lado.
  4. Descasque os legumes e corte-os em pedaços do mesmo tamanho da carne.
  5. Pré-aqueça o grill com um pouco de azeite no fundo.
  6. Jogue a carne primeiro, e feche a tampa para deixar cozinhando. Tempere com azeite e pimenta-do-reino e não coloque sal, porque você esqueceu de comprar, e se você for pedir pro vizinho, das duas uma: se for mulher, ela vai achar que você quer comer ela, e se for um homem, ele vai achar que você é gay e está a fim de dar.
  7. Quando a carne estiver levemente cozida, abaixe a temperatura do grill e coloque os legumes. Não se esqueça de fechar a tampa para não deixar o vapor sair.
  8. Sirva quente, e descubra que legumes sem sal são horríveis e que a carne ficou dura igual uma sola de sapato.
  9. Guarde tudo em um saco de plástico para tentar fazer uma sopa na casa da sua mãe depois.
  10. Abra um pacote de biscoitos recheados de chocolate e tenha o jantar mais gostoso e menos nutritivo da sua vida.

30.6.08

Survivor

Como eu me mudei há pouco tempo, não sou filho de rico, e nem sou rico eu mesmo, estou tendo que sobreviver no meu alegre cafofinho sem nenhum eletrodoméstico. Aliás, para ser mais exato, eu não tenho nem talheres. A única mesa que eu tenho para comer é a minha escrivaninha de trabalho - a não ser que eu quisesse almoçar na prancheta, mas ela está sem banquinho e eu não gosto de comer em pé.

O maior problema disso tudo é que logo logo sua alimentação fica restrita a pães e biscoitos. Tudo sem manteiga, porque eu não tenho faca. Isso me deixou pensando muito em como a história da alimentação é estranha e cheia de revoluções. Já pararam para pensar que, na maior parte da história da raça humana, as pessoas só comiam comida quente ou na temperatura ambiente? Tinha sempre ali um fogãozinho à lenha, mas o gelado não era uma opção - exceto, é claro, no caso dos nossos queridos amigos innuit ("esquimós" para vocês eurocêntricos).

Outra coisa impressionante é a variedade de frutas e legumes que temos à nossa disposição. O desenvolvimento das tecnologias de embalagens e dos meios de transporte permitem que qualquer cidadão urbano tenha acesso a vegetais frescos vindos de distâncias muito longínquas. Você pode entrar em qualquer supermercado da cidade e comprar batatas, bananas, abacaxis, tomates, cebolas, pepinos, beterrabas, e até mesmo morangos sem sequer se preocupar em que cidade, estado ou país eles foram plantados.

E, mesmo assim, insistimos em nos alimentar com comidas processadas, industrializadas, congeladas, e outras baboseiras que só tinham graça quando foram inventadas, décadas atrás. Esses métodos de conservação de comida foram inventados pelas forças armadas para ajudar nas campanhas militares. Até hoje os exércitos do mundo todo usam comida desidratada, enlatada, congelada e cheia de conservantes para alimentar seus soldados em campanhas. Era bastante importante para os soldados dos Estados Unidos que invadiram o Afeganistão (lembram? que eles comessem cachorro-quente e tomassem Coca-Cola freqüentemente, para "manter a moral da tropa").

Nós, civis pacíficos que comemos apenas para trabalhar, e não para matar os outros, temos muito mais escolhas de comidas frescas e naturais, mas não pensamos muito nisso no dia-a-dia. Estamos tão condicionados a imitar os outros e seguir padrões que alguém estabeleceu que nunca fazemos o que achamos que é mais certo para nós. Em países ricos e industrializados como a Inglaterra e os Estados Unidos, isso se tornou problema de saúde pública. Assistam à série do Jamie Oliver sobre a merenda escolar inglesa e vocês vão entender o tamanho do problema.

Nós, moradores solitários, temos a opção de comermos o que quisermos, sem que ninguém nos encha o saco. Podemos comprar o que quisermos, preparar o que quisermos, sem nos preocuparmos com o que mais alguém vai achar. É uma ótima oportunidade para romper com velhos hábitos, experimentar coisas novas, e repensar toda a nossa alimentação.

Mas eu só vou poder fazer isso quando tiver geladeira. Até lá eu vou me virando com o x-frango do Sindicato do Chopp, que é uma delícia!

Como passar uma camisa

Pois bem. Mesmo com todo o meu idealismo e infinita vontade de usar apenas as roupas que quiser todos os dias, a vida acabou me obrigando a usar camisas de botão. Ao me mudar, eis que surgiu o problema: eu não sabia passar. Parece fácil, mas não é. Minha primeira tentativa demorou uns 20 minutos e a camisa saiu mal passada.

Pois a internet me socorreu, assim como irá socorrer cada um de vocês em momentos de necessidade. Cá está um bom vídeo ensinando a passar. Rápido, básico e instrutivo, não ensina todos os truques, mas é um excelente ponto de partida para se aprofundar na não-tão-bela arte de passar camisas.

Se olharem nos outros vídeo da Esquire (pois é), tem outros passo-a-passo interessantes. Por exemplo, como costurar um botão e como retirar algumas manchas. Divirtam-se.

26.6.08

Sonho de criança comunista

Hoje é um dia conveniente para estrear neste blog... Acontece que eu já moro sozinho a algum tempo, só que estou justamente de mudança outra vez, procurando um lugar melhor pra ficar --- estou a quase um ano em um cantinho temporário, aqui em São Paulo.

Estou procurando algo no eixo Rebouças-Consolação, e existe um lugar que se adequa a esta restrição, e ainda por acaso realizaria um sonho de infância meu que vai além do simples sonho de morar sozinho: seria morar no COPAN!

O COPAN é um predião gigantesco que fica ao lado do Edifício Itália, outro grande mas que não é residencial. Foi projetado pelo Niemeyer, apesar de que ouvi falar que não é um projeto pelo qual ele morra de amores. Eu ouvi falar do COPAN desde criança, e me lembro nitidamente de ser um símbolo recorrente em desenhos que eu fazia, junto de naves espaciais, técnicos do CNEN e MiGs 17 (porque diabos eu desenhava isso, vcs perguntem pro meu irmão, que me ensinou). E nunca senti a mesma atração pelo Edifício JK, por exemplo... E tem outro motivo por que o COPAN me atrai agora que estou mais crescidinho. Por mais que o Niemeyer possa não gostar, o prédio é dele e tem o jeitão dele, e eu como belo-horizontino me sinto um pouco mais em casa quando vejo aquelas linhas curvas que apenas a tecnologia do concreto armado pôde oferecer.

Hoje foi então o encontro histórico. Saí do Cemitério da Consolação, onde acompanhei o inesperado funeral da doutora e primeira-dama Ruth Cardoso, e desci a avenida (ou rua, sei lá) da Consolação em direção ao bicho. Parece um pouco longe no mapa, mas é uma caminhada tranqüila, ladeira abaixo. De longe é fácil começar a ver o Edifício Itália, mas o COPAN só surge bem mais perto, e de repente... Exatamente quando comecei a me perguntar "mas onde se escondeu aquele gigante?", vi a inconfundível pontinha superior esquerda dele saindo de trás de outro prédio.

Chegando lá figuei logo contente em perceber a profusão de cafés e restaurantes por perto. Se tem uma coisa que venho sentindo falta desde que saí de Campinas é de um bom café perto de casa. Tomei lá um excelente espresso na cafeteria "Café Tipo Exportação", com um ótimo pão-de-queijo ainda. E tudo isso por R$3,60. Desconheço café com melhor relação custo/benefício na região de Pinheiros e da Paulista; e que benefício, viu!...

Pra tornar agora o texto ainda mais informativo, além da dica do cafezinho, aproveito pra falar a interessados que pra procurar apartamento pra alugar no COPAN tem que ligar pro sr. Sérgio, da administração: telefone 3259-5917 (nem liguei ainda). Me recomendaram também procurar a Louvre Imóveis para encontrar mais possibilidades na região. Se eu vou encontrar ou não, fica como gancho pra semana que vem.

Na saída do COPAN vi uma (suposta) estudante de arquitetura tirando fotos e fotos com uma super-câmera violenta. Imagino que deve ser uma visão comum por ali. Bom mesmo, porque aquela região ali da cidade está bastante bonita...

Um muquifo pra chamar de meu

Desde que eu era criança eu tinha esse sonho: morar sozinho. Largar tudo pra trás e ocupar um espaço vazio, desolado, abandonado, que eu mesmo lentamente iria tornar meu através das minhas ações, fazendo pequenas reformas e colando cartazes nas paredes. Um lugar onde eu pudesse fazer o que quisesse, a hora que quisesse, sem dever explicações para ninguém.

Finalmente, um belo dia, esse sonho está perto de se realizar. No próximo sábado um caminhão de mudanças vem até a casa dos meus pais para pegar meus livros, quadros, móveis e outras coisas, e levar para meu novo apartamento.

No processo de mudança, muitas dúvidas surgiram, e aos poucos fui notando que muita gente conhecida tinha passado pelos mesmos problemas, cada um com um nível diferente de sucesso. Para quem passou a vida inteira morando na casa dos outros, morar sozinho traz novas necessidades que nunca tinham sido experimentadas antes. Subitamente você se vê na situação de precisar reformar um armário embutido, trocar um chuveiro, montar uma prateleira, refazer uma fiação elétrica - tudo aquilo que seu pai fazia (ou pagava alguém para fazer) quando você era criança, agora é sua responsabilidade.

Pensando nessas pessoas, e no entretenimento geral da nação, convidei alguns amigos na mesma situação para escrever esse blog, um depositório de informações, dicas e anedotas sobre o trabalho mais difícil do mundo: viver.

Divirtam-se!